sexta-feira, 9 de novembro de 2012

A SAUDADE NÃO COMPENSA

Esta é a história de um casal que parece ter perdido o brilho nos olhos. Trinta e seis anos depois, o amor, que ainda pulsa em seus corações, começa a perder espaço para a raiva, o rancor, a tristeza, a mágoa, o ressentimento... Onde antes havia esperança, sonhos, planos e expectativas, hoje só se vê desilusão e desentendimento...

Já não há mais paciência, pouco se encontra tolerância. A cada nova discussão, as questões tornam-se mais densas e intensas. Obstáculos e problemas se multiplicam com grande velocidade e as coisas vão ficando cada vez piores...

Aquele casal que se conheceu na década de 70, enfrentou crises históricas e viveu momentos marcantes. Juntos, presenciaram a crise do petróleo, o crescimento econômico, o surgimento dos movimentos musicais populares, as discotecas, a Tropicália, os Novos Baianos, Raul Seixas, guerras civis em todo o mundo, o Brasil aparecendo e destacando-se no cenário internacional, e tantos outros momentos importantes...

Durante quase quatro décadas, muita coisa mudou. Mas, o que mais impressiona os filhos e amigos do casal, são o distanciamento e o desgaste daquela relação... As brigas passaram a ficar constantes...

Com o aumento da frequência nos desentendimentos, aumentaram, também, a intolerância, a impaciência e a expressiva falta de vontade em resolver os problemas, em busca de uma vida em comum com mais serenidade e paz...

Onde antes havia um lar, com pai, mãe, filho e filha, já não existe mais quase nada.. Hoje, o que existe é uma casa enorme, cheia de móveis e vazia de sentimentos. Com divisões internas, muitas vezes invisíveis a olhos nus, mas cravadas e enraizadas pela dor e pelo ressentimento...

Queria poder confortar aqueles filhos, aquele casal e aquela família...

Queria dizer-lhes que ainda acredito na possibilidade de finais felizes para todos, juntos ou separados...

Gostaria que o casal tivesse a oportunidade de ler esses versos escritos abaixo, de Vinícius de Moraes.

Gostaria, ainda, de propôr que fizessem uma reflexão sobre os últimos 36 anos que viveram, e a forma como pretendem viver as próximas décadas...

Porque o tempo é implacável..  E não volta.. 

"Tomara...
Que a tristeza te convença
Que a saudade não compensa
E que a ausência não dá paz
E o verdadeiro amor de quem se ama
Tem a mesma antiga trama
Que não se desfaz
E a coisa mais divina
Que há no mundo
É viver cada segundo
Como nunca mais..."


quarta-feira, 24 de outubro de 2012

CORAÇÃO PÓS CAMPANHA

Lembro, quando menina, de ouvir meu pai dizer, sempre preocupado, que meu avô iria se aventurar pela política.. "Alguns" anos se passaram e eu, já formada, Jornalista, que adoro minha profissão, embarquei no ramo da assessoria de imprensa, trabalhando, diretamente, com marketing e assessoria política.
 
Então, o período de campanha chegou. Muitos sentimentos, muito cansaço, muito trabalho, muitas emoções.. Devido à grandeza de espírito das pessoas com quem convivi, do trabalho que pude presenciar, da oportunidade de ver de perto como se faz política pública de verdade, com compromisso e respeito, fui, cada vez mais, entendendo meu avô, que estava certo o tempo todo..
 
Os últimos três meses foram muito intensos, com jornadas de 14h de trabalho por dia, em média. O coração se dividia entre o Guilherme, o Renato, minha família e o trabalho. Mas, sabia que todos estavam sempre em boas mãos, e que poderia contar com sua paciência e tolerância. Sempre que precisei, Guilherme esteve sob os cuidados dos meus pais.. Meu marido me apoiou e entendeu, ainda que, algumas vezes deixasse escapar que "queria a esposa de volta"...
 
Como a loucura e a rotina incessante tinham prazo pra acabar, valia a pena viver todo o processo, intensamente.. E foi o que eu fiz..
Vivi e convivi com grandes pessoas, que fazem aquela política de Brizola, de Ulisses Guimarães, e do meu avô, Wilson Coutinho.
Pessoas que, ao invés de fazer alianças sujas, ou de promover assistencialismo barato, partiram, quase solitários, pelo resgate da cidadania daquele povo.. Enfrentamos golpes, dificuldades, momentos de decisões importantes e urgentes... Mas, em nenhum momento, desistimos de lutar.
O prefeito para quem trabalhei durante os últimos anos, é um grande homem, um paraibano, que chegou a Duque de Caxias com 1 ano de idade e transformou aquela cidade.
Infelizmente, seu maior inimigo foi ele próprio. As pessoas queriam ver aquele Prefeito de volta, o revolucionário.. E não o de agora que, talvez, pela idade, tenha sido derrotado pelo seu próprio mito.
A campanha para reeleição, desde o princípio, se mostrava muito difícil..
Um mês e meio após o início da competição, a profª Roberta Barreto, minha amiga, ex-Secretária de Educação e grande líder, decidiu lançar sua campanha para vereadora. Renovamos as forças, saímos atrasados, tínhamos muita vontade e nenhum dinheiro, mas, nada disso conseguiria nos segurar..
 
Com ela, fomos às ruas, criamos lindas peças de campanha, jingles, estratégias, fizemos corpo a corpo.. Visitamos lugares, pessoas, comunidades, presenciamos a miséria num grau inimaginável e deixamos essas pessoas confiantes de que voltaríamos no início do ano, já para articular melhorias junto ao poder executivo..
Vimos, no semblante dessas pessoas, a esperança, que já haviam perdido, voltar a fazer seus olhos brilharem..
Mas, em meio à tanta miséria e ao desespero das pessoas, muitos votos foram trocados por 50 reais, ou um botijão de gás...
 
Finalmente, chegou o domingo de eleição.
Quando o resultado saiu, muitos sentimentos vieram à tona.. Tristeza, medo, angústia.. Tudo ao mesmo tempo.. A vontade de fazer a diferença na vida de tantas pessoas parecia ter sido jogada fora.. Numa cidade em que imperam a miséria e a falta de oportunidades, trocaram o nordestino e a professora, por poucos trocados.. Foi muito triste... Mas, infelizmente, aconteceu..
 
Agora, próximos ao 2º turno, os moradores desta cidade encontram-se, novamente, diante de um momento de importantes escolhas. Minha chefe e amiga foi procurada por vários candidatos e, nunca esqueceu dos seus ideais, dos seus sonhos possíveis. Como grande liderança política que é, decidiu não ficar em cima do muro e tomar, por si só, suas próprias decisões e posicionamentos.
 
Assim, nossa campanha pela educação pública de qualidade permanece em ação, agora sob o comando de outro líder. Apoiamos aquele que mostrou compartilhar dos mesmos objetivos que nós. Estamos apostando naquele que, além de morar na cidade, e conhecer seus problemas de perto, irá nos permitir seguir na nossa luta em defesa dos cidadãos de bem deste município.
 
E cá estamos nós, na luta de novo...
No próximo domingo, no 2º e decisivo turno das eleições, a população irá, novamente às urnas e esperamos, que tomem as melhores decisões.
Encerrando este período de turbulência e aprendizado, algumas conclusões já consegui tirar disso tudo...
A primeira é que o meu lugar é realmente no Jornalismo...  Escolhi a profissão perfeita pra mim...
A segunda é de que agora, 32 anos depois, entendo perfeitamente o que o meu avô sentiu durante toda a sua vida...
E a terceira, e mais triste, é que, enquanto a maioria insistir em querer não saber de política... Enquanto muitos ainda votarem sem qualquer compromisso e responsabilidade... Enquanto uns trocados comprarem os votos dos cidadãos de bem...
Ficaremos a mercê de políticos que investem em devaneios, e vendem ideias surreais como sonhos possíveis.
 
Por isso, encantanda pela causa, pela ideologia e, sem me deixar iludir pela política partidária e tendenciosa, acho que permanecerei nesta área durante um tempo, ainda. Sonho com uma sociedade que possa voltar a acreditar na política, que não tenha mais que conviver com histórias vergonhosas, mensalões e tantos outros escândalos...
 
Quem sabe, um dia, teremos uma sociedade que vote porque acredita, e não, apenas, porque o ato de votar seja, ainda, uma obrigatoriedade.
 
"A maior desgraça de quem não gosta de política é ser governado por quem gosta..." (Sêneca)
 
 
 

sexta-feira, 27 de julho de 2012

Quem me conhece sabe que eu não gosto nem um pouco de expressões cotidianas, de frases clichês...
Mas, ultimamente, tenho usado uma com grande frequência.
Certamente uma das frases que mais tenho dito nos últimos meses é "Estou muito sem tempo!!".
E não é que esteja mentindo quando digo isso.
Ao contrário... Estou realmente muito atrapalhada.
Mas o que eu queria muto entender é desde quando deixei de ser prioridade pra mim mesma.
A partir de quando eu entrei nessa neurose dos tempos modernos, de achar que o dia teria que ter 36horas, ou de achar que posso e devo resolver tudo o tempo todo.
A busca pela perfeição profissional, pelas atitudes exemplares, pela dedicação exclusiva ao trabalho, tem feito de mim uma excelente jornalista e uma amiga muito falha.
Encontrar meus amigos, estar com meu filho, marido, pais, irmãos, sobrinhas..  Isso sim me faz verdadeiramente feliz!
Somente perto das pessoas que amo, que me tratam com sinceridade, sem meias palavras, com lealdade nas atitudes e amor no coração, sei o que é me sentir plena e segura.
E o que é viver se não lutar a todo tempo para encontrar a felicidade?
Acho que é hora de rever as prioridades, de voltar a cuidar de mim mesma, de me organizar melhor...
Espero que a próxima postagem seja pra descrever momentos mais felizes...
E será!!
:)